RESUMO EXPANDIDO - ESPERANÇAR COM O RIO PARAOPEBA: RESGATE SOCIAL DAS MEMÓRIAS HÍDRICAS DE BRUMADINHO
Palavras-chave:
Conflitos ambientais, Memórias afetivas, Pragmatismo, Rio Paraopeba, BrumadinhoResumo
O rompimento da barragem de rejeitos de mineração, em 25 de janeiro de 2019, no município de Brumadinho/MG, reafirmou o histórico descaso do poder público com o planejamento e gestão do território, marcado por processos descontínuos, pouco participativos e minero-dependência econômica. A tragédia-crime matou gente e agravou a crise urbana e socioambiental com a contaminação do rio Paraopeba, que divide o município e a cidade. Seu leito foi assoreado pela lama tóxica e densa de rejeitos que degradou áreas verdes, a fauna e imóveis. Desde 2021, as comunidades urbanas e tradicionais localizadas nas áreas inundáveis convivem com a sobreposição dos impactos e medo das enchentes. A enchente com a lama atingiu casas, áreas comerciais e impossibilitou a mobilidade urbana. Outra onda de destruição de bens e vidas cotidianas, ainda não reparados, foi agravado pela poeira tóxica. Os novos conflitos ambientais exigiram articulações comunitárias especializadas e temáticas. O rio Paraopeba assumiu um papel focal nas discussões sobre meio ambiente, vida urbana, memórias afetivas de gente, das águas, participação cidadã e resiliência. A população não está à margem e segue na luta por justiça ambiental e direito à cidade. As dimensões do rio resistem e sinalizam caminhos para as necessárias transformações sociais. Esse relato teórico-empírico é fruto das primeiras reflexões de uma pesquisa extensionista de pós-graduação em Administração, com foco na promoção de saberes, inovação e sustentabilidade. Trata-se da valorização espacializada da experiência de comunidades brumadinhenses com as águas fluviais e respectivas articulações sociais pela reparação ambiental e urbana, no contexto pós tragédia-crime. Esperançar é a palavra de ordem ao revisitar e registrar, de forma colaborativa, as memórias afetivas de gente com o rio Paraopeba. Acredita-se no potencial das diversas dimensões do rio como ente que abraça a vida cotidiana da população e promove impactos sociais por novas políticas públicas. Os aportes teóricos da sociologia pragmática, sociomaterialidade e o conceito de ator- rede, por meio da análise qualitativa das arenas públicas locais, fundamentam a base teórica da pesquisa que problematiza o protagonismo de lideranças locais nas comunidades atingidas pela sobreposição de impactos da tragédia-crime. O município de Brumadinho sempre foi palco de disputas territoriais, econômicas, políticas e resistências sociais (Dias, Quintão, Teodósio, 2021). O histórico de legislações desatualizadas também promove impactos e, mesmo após o ocorrido em 2019, a revisão do Plano Diretor Municipal, aprovada em 2023, manteve o modelo tecnocrático, distante da discussão participativa do direito à cidade, garantidos pela Constituição Federal (1988) e Estatuto da Cidade (2001).
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 CODS - Coloquio Organizações, Desenvolvimento e Sustentabili Universidade da Amazônia - UNAMA

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.