RESILIÊNCIA URBANA E DESASTRES DE BARRAGENS EM MINAS GERAIS

UMA ANÁLISE DA GEOGRAFIA CRÍTICA

Resumo

Os desastres socioambientais decorrentes dos colapsos das barragens de Fundão e Córrego do Feijão ambos em Minas Gerais, Brasil, evidenciaram a vulnerabilidade de territórios marcados por modelos de desenvolvimento insustentáveis e a negligência institucional na gestão de riscos iminentes. Este estudo foi realizado objetivando-se investigar a capacidade de resiliência urbana desenvolvida (ou não) nos territórios impactados, examinando suas dimensões sociais, ambientais e institucionais. A metodologia utilizada foi estudo de caso múltiplo, com base em dados secundários. As fontes incluíram relatórios técnicos, bases oficiais ((Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Agência Nacional de Mineração - ANM, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA), literatura cientifica pertinente e mapas temáticos. A análise foi estruturada em três eixos analíticos interconectados: a territorialidade do risco, os processos de resiliência e reconstrução, e a busca pela justiça socioambiental. Os resultados obtidos indicam que, não obstante as falhas institucionais e dos impactos socio ambientais devastadores, foram observadas manifestações de resiliência ativa nas populações locais. Essa resiliência expressa por meio de mobilização comunitária, valorização de saberes tradicionais e efetiva organização política. A análise espacial, utilizando a cartografia crítica, foi fundamental para evidenciar as desigualdades socioespaciais preexistentes e para subsidiar estratégias mais eficazes na gestão de riscos. Conclui-se que a resiliência urbana transcende a mera recuperação física, envolvendo a necessidade de transformação estrutural, o fomento à participação social e o fortalecimento de políticas públicas integradas. A superação das vulnerabilidades identificadas exige uma articulação sinérgica entre a legislação ambiental, instrumentos técnicos de gestão e protagonismo das comunidades afetadas, visando à garantia da justiça socioambiental e a preservação de futuras catástrofes.