ECONOMIA PRATEADA E JUSTIÇA SOCIAL

UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Resumo

Diante do fenômeno do envelhecimento populacional e da emergência de novas agendas sociais e econômicas, a Economia Prateada (EP) tem sido apresentada como alternativa estratégica para responder aos desafios da longevidade. Este artigo, derivado de um projeto internacional que visa compreender as orientações e práticas da EP, apresenta resultados e uma revisão sistemática da literatura científica internacional seguindo o protocolo PRISMA 2020, com a qual analisou 17 estudos publicados entre 2009 e 2024, para analisar a EP a partir de uma perspectiva crítica e social, com ênfase nas representações da pessoa idosa, na relação com as políticas públicas e nos silêncios que atravessam o campo, especialmente no que se refere às desigualdades estruturais a à ausência de interseccionalidades. Utilizando uma abordagem social da EP, resultados e discussão se organizam em torno de cinco eixos: conceituação do campo, representações da pessoa idosa, políticas públicas, desigualdades estruturais e críticas sociopolíticas. Os resultados revelam que, embora a EP seja cada vez mais mobilizada por políticas e mercados, ainda não há consenso teórico sobre sua definição e objetivos. As representações da pessoa idosa oscilam entre consumidor, produtor e cidadão, mas sua participação nos processos decisórios permanece limitada. Além disso, marcadores como raça, gênero, classe e território aparecem de forma periférica, o que fragiliza a construção de uma EP verdadeiramente inclusiva. A ausência de uma estratégia nacional estruturada no Brasil reforça a urgência de integrar a EP a políticas públicas intersetoriais e comprometidas com a equidade. Conclui-se que a Economia Prateada deve ser compreendida como ferramenta de justiça social, e não apenas como nicho mercadológico. Destaca-se, ainda, o papel das universidades na produção crítica de conhecimento, no fomento à inovação social e no fortalecimento da participação cidadã das pessoas idosas.